Durante o ano de 2018 a expectativa era o crescimento do setor cervejeiro brasileiro, e a previsão se confirmou com a divulgação dos dados do setor pelo Ministério, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Durante o ano, foram criadas 210 novas fábricas de cerveja no país, chegando ao número total de 889 em dezembro. Isso significa que, aproximadamente, a cada dois dias uma cervejaria abriu as portas no Brasil.
O estudo do Mapa também aponta que Minas teve um aumento de 32% no número de cervejarias, passando de 87, em 2017, para 115, em 2018. Outro dado que chama atenção é o número de cervejas registradas no ano: 6.800, bem acima dos registros de outros produtos, como vinho (1.800) e suco (800). Neste ponto, Minas foi o Estado campeão.
De acordo com o conselheiro da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel) e proprietário da Köbes, Gustavo Alves, o crescimento tem dois lados. "É positivo porque mostra que o mercado está em expansão e é bom também para o consumidor, que tem mais opções de estilos e tem uma cerveja produzida próximo à sua região. O aspecto ruim é a questão da concorrência, porque é um mercado muito disputado pelas multinacionais. E, pelo fato de nosso sistema tributário ser muito injusto com os pequenos, isso acaba sendo um complicador", analisa.
Empreendedorismo
Segundo ele, outro ponto a ser levado em consideração é o nível de conhecimento técnico e de empreendedorismo de quem abre uma cervejaria, o que pode levar ao seu fechamento se for baixo. "Muitas vezes não há preparação para um negócio cervejeiro, que antes era apenas um hobby. Esse é um grande desafio", destaca Alves.
Para quem está começando, o processo não é tão simples, como afirma Marcelo Maciel, cervejeiro e sócio da cervejaria cigana Astúcia. "A maioria das cervejarias que abrem é muito pequena. As nano e microcervejarias têm vários problemas na concorrência com as grandes, como carga tributária maior, custo maior de insumos e equipamentos e dificuldade logística", explica Marcelo.
Segundo ele, a pequena cervejaria tem que ter criatividade para se manter e atrair os clientes. "Tem que prezar pela qualidade do produto e atendimento do consumidor e focar que a concorrência maior da pequena cervejaria não é com as outras pequenas, é com as grandes, que detêm mais de 95% do mercado de cerveja no país e que, para se manter, têm algumas práticas comerciais predatórias. As pequenas precisam se unir para conseguir comprar insumos a melhores preços e conseguir brigar com a União e o Estado por condições, no mínimo, igualitárias no pagamento de impostos", pontua Maciel.
Fonte: O Tempo